Ori-Futuro - Onde queremos que a Orientação esteja em 2020 ?!?
|
Post: #36
|
|||
|
|||
RE: Ori-Futuro - Onde queremos que a Orientação esteja em 2020 ?!?
Em primeiro lugar, acho que é de justiça agradecer ao Alexandre o importantíssimo e relevante trabalho que fez e o serviço que está a prestar à Orientação. Por isso, aplausos para ti, Alexandre!
Pela minha parte, embora a minha participação nestas andanças tenha sido bastante irregular, a verdade é que sou dos primeiros tempos e, por isso, assisti ao "explodir" da modalidade e, agora, à sua relativa estagnação ou mesmo declínio. Não reflecti o suficiente sobre todas as causas desta situação para poder ter uma opinião definitiva, mas há algumas coisas que são tão evidentes que me é difícil não as apontar. Em primeiro lugar, os chamados escalões de entrada (OPT1, escalões de formação e escalões mais jovens) são com demasiada frequência excessivamente exigentes, em termos físicos e técnicos, para a experiência, a capacidade física e a maturidade desportiva e/ou emocional dos adultos, jovens e crianças que normalmente os fazem. É comum ver percursos de OPT1, Formação ou D/H 13 de apreciável dificuldade técnica, com pontos longe de caminhos e/ou de referências óbvias para um novato, em zonas perigosas (em grandes declives, por exemplo) e demasiado longos, muitas vezes para serem cumpridos em bem mais do que uma hora (a rondarem ou mesmo a ultrapassarem os 3km, no pedestre, e os 12km, em BTT). Ora, para quem está a participar pela primeira vez ou é muito jovem, apanhar com um percurso destes é muito desmotivante! Se queremos que as pessoas voltem e que os pais não hesitem em levar consigo os seus filhos para os iniciar na modalidade ou deixá-los participar sozinhos pela primeira vez, isto tem de mudar! Por isso, deixo aqui o meu apelo aos traçadores de percursos, supervisores e organizadores de provas em geral: por favor, tenham em devida atenção as pessoas que fazem estes percursos. Não são mini-elites nem potenciais campeões que têm de ser "esticados" ou "praxados": são pessoas sem experiência e, na esmagadora maioria dos casos, com pouca capacidade física, acrescida, para os mais jovens, de imaturidade emocional. Nos escalões de entrada, não é suposto ver crianças todas arranhadas e aterrorizadas no meio do mato sem saberem onde estão, nem adultos completamente à nora, já sem nenhuma capacidade de discernimento. Se isto se continuar a verificar, cada vez teremos menos gente, adultos ou jovens e, mais tarde ou mais cedo, vamos ter um acidente grave a lamentar. Por outro lado, nos escalões mais veteranos, D/H45 e superior, é também frequente verem-se percursos desajustados em termos de dificuldade física (excessiva, por vezes totalmente disparatada) e dificuldade técnica (demasiado simples), exactamente o inverso do que deveria acontecer nestes escalões. Esta situação é particularmente dramática no BTT. Só para dar um exemplo, no meu escalão, D45, esta época, das 17 provas realizadas até à data, só 5 é que cumpriram as normas do regulamento de competição! Escusado será dizer que, por este andar, daqui a nada não têm lá ninguém! Isso até podia ser positivo, pois sempre se poupava um percurso ou dois em que só há meia dúzia de participantes, mas a verdade é que se nós, os mais "entradotes" deixarmos de ir, se calhar os nossos filhos ou netos também não vão, nem os nossos amigos e aí por diante... Por cada um de nós que desista porque não está mais para ser "praxado", há muitas pessoas que deixam de ir, podem ter a certeza! Por isso, deixo aqui um outro apelo aos traçadores de percursos, supervisores e organizadores de provas em geral: nos escalões veteranos, podem fazer o mais tecnicamente difícil que souberem que ninguém se vai queixar, mas diminuam a dificuldade física! Tem de haver razoabilidade quando se traçam estes percursos. Já existe um historial importante de provas realizadas para que se possam tirar conclusões quanto a médias de progressão no terreno, tanto a pé, como de bicicleta, por isso não há desculpa possível para que esta situação se mantenha! Correndo o risco de ser injusta, muitas vezes dei comigo a pensar que o percurso de OPT1 que estava a fazer com as minhas filhas ou o meu percurso de D45 em O-BTT tinha sido feito com bocados dos percursos dos outros escalões e não desenhado a pensar especificamente nas características das pessoas a que se destinava... Ora, tudo isto leva-me a uma conclusão: estes escalões, os de entrada e os veteranos, não têm sido muito acarinhados, bem pelo contrário, embora sejam ambos cruciais para o futuro da modalidade. Os de entrada, por assegurarem a tão necessária renovação dos praticantes; os de veteranos, por assegurarem um "fornecimento" regular de filhos, netos e amigos, que incentivam e a quem possibilitam entrar na modalidade. Por isso, se queremos que haja cada vez mais praticantes, condição essencial para que a modalidade evolua, temos de ter determinação suficiente para alterar a situação actual, tanto nos escalões de entrada, como nos mais veteranos. A Orientação "explodiu" como modalidade precisamente porque era acessível a qualquer um. Ao tornar-se inacessível (em termos técnicos e/ou físicos) e a privilegiar em demasia a competição em detrimento do lazer e duma componente mais lúdica, como sucede hoje, caminha a passos largos para a sua irrelevância completa no panorama desportivo nacional. Temos de ser capazes de re[/size][/font]encontrar um equilíbrio, hoje perdido, entre a exigência própria dos escalões verdadeiramente de competição e o divertimento característico da aprendizagem desportiva e do puro lazer, correspondentes à esmagadora maioria dos escalões. Margarida Gonçalves Novo |
|||
« Next Oldest | Next Newest »
|